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Saiba o que é ChatGPT e por que essa ferramenta de IA preocupa o Google

Saiba o que é ChatGPT e por que essa ferramenta de IA preocupa o Google

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Tempo de leitura: 10 min

01 de Março de 2023 | 12:46

 

O ChatGPT foi lançado para uso do público em geral no fim de novembro de 2022 e rapidamente criou um buzz na web. Só se fala nele!

Mas o que é o ChatGPT? O que ele consegue fazer?

Trazendo aqui para o nosso mundo profissional, que impacto ele pode gerar no marketing de conteúdo? E nas estratégias de SEO?

Ele representa uma ameaça ao Google? Que respostas o Google já deu a respeito?

Está tudo neste artigo que você acaba de começar a ler. Espero que seja útil!

O que é o ChatGPT?

O ChatGPT é uma aplicação que usa o modelo generativo GPT-3, criado pela OpenAI.

Se a frase anterior ficou confusa, não se preocupe. Vou detalhar melhor cada um desses conceitos.

Primeiro: modelo generativo. Trata-se da possibilidade de a inteligência artificial gerar dados, como textos, imagens ou sons, depois de ter acesso a milhões de outros dados similares, e de ser treinada para analisar e entender essas informações. 

GPT-3 é um dentre os vários modelos generativos desenvolvidos pela OpenAI, que é uma empresa que pesquisa e desenvolve projetos de inteligência artificial, que já teve entre seus financiadores pessoas como Elon Musk, Sam Altman e Reid Hoffman, e recentemente fechou uma parceria bilionária com a Microsoft.

A OpenAI anunciou para o mundo o seu ChatGPT no dia 30 de novembro de 2022, como uma forma de teste para aprimoramento da ferramenta. No texto de introdução sobre o ChatGPT, a empresa escreveu:

“Temos o prazer de apresentar o ChatGPT para obter o feedback dos usuários e aprender sobre seus pontos fortes e fracos. Durante a prévia da pesquisa, o uso do ChatGPT é gratuito.”

Como destacou a OpenAI, o ChatGPT é um modelo que interage em forma de conversa.

“O formato de diálogo permite que o ChatGPT responda a perguntas de acompanhamento, admita seus erros, conteste premissas incorretas e rejeite solicitações inadequadas.”

Desde que foi lançado, no fim de novembro, ele vem sendo testado por milhões de usuários ao redor do mundo, por meio do site https://chat.openai.com

Quantos usuários já testaram o ChatGPT?

Segundo uma reportagem da Reuters, do início de fevereiro de 2023, a plataforma bateu recorde de crescimento de usuários nesse curtíssimo espaço de tempo. 

Foram 100 milhões de usuários ativos em janeiro, e uma média de 13 milhões de visitantes únicos por dia nesse mês – mais que o dobro de dezembro.

A título de comparação, o Instagram levou dois anos e meio para bater a marca de 100 milhões de usuários e o TikTok, cerca de nove meses após seu lançamento.

O que o ChatGPT consegue fazer?

Vou deixar que o próprio ChatGPT responda, com alguns exemplos práticos:

  • “Posso responder a perguntas e fornecer informações sobre uma ampla gama de assuntos, incluindo história, geografia, ciência, tecnologia, entre outros;
  • Além disso, sou capaz de gerar texto coerente e relevante sobre um determinado assunto;
  • realizar traduções;
  • criar resumos;
  • responder a perguntas de múltipla escolha;
  • Também posso gerar respostas divertidas e engraçadas, se assim for solicitado [...];
  • Posso fornecer informações sobre receitas de culinária, incluindo ingredientes, modo de preparo e dicas adicionais [...];
  • Posso fornecer explicações e exemplos de código para uma ampla gama de linguagens de programação, como Python, Java, C++ e muito mais;
  • Além disso, posso responder perguntas específicas sobre programação e ajudar a solucionar problemas técnicos [...];
  • Posso imitar diferentes estilos poéticos e gêneros, ou criar novos poemas a partir do zero, dependendo da solicitação” (mas ele ressalva: ‘a qualidade dos poemas que gero pode variar, e minha capacidade de capturar a essência e a profundidade humana da poesia é limitada’).”

Como o ChatGPT afeta o marketing de conteúdo?

Mulher realiza uma pesquisa no notebook.

Marketing de conteúdo é uma estratégia que usa a criação de conteúdos para atrair os internautas para determinada página na internet, seja com o objetivo final de cultivar um relacionamento, valorizar uma marca, vender um produto, ou outro qualquer.

Quanto mais qualificado for um conteúdo, do ponto de vista de ineditismo, exclusividade, criatividade, originalidade, credibilidade – enfim, de tudo aquilo que nos faz querer ler ou ver um conteúdo até o fim, compartilhá-lo, voltar para ver mais – maiores as chances de a estratégia funcionar.

Mas fazer conteúdo é um processo difícil, que normalmente demanda grande tempo para pesquisas, apuração de dados e para a construção de um texto (ou infográfico, podcast, vídeo etc) que seja interessante e valioso para o público-alvo.

O ChatGPT pode ajudar no processo de criação de conteúdo por oferecer respostas instantâneas para perguntas que levam um tempo bem maior para serem sanadas de outras formas.

Ele também pode ajudar com insights ou apontando caminhos para que o produtor de conteúdo possa se aprofundar em sua pesquisa.

Quais os principais problemas do ChatGPT para a criação de conteúdo?

O grande problema do ChatGPT, que é a principal ressalva em relação ao que escrevi no último tópico, é que existem ainda inúmeras lacunas nessa ferramenta, neste momento (fevereiro de 2023).

Algumas bastante graves do ponto de vista de qualidade – que é o que todos os que produzem conteúdo deveriam almejar, em última instância. 

As três principais são:

Desatualização dos dados

O ChatGPT é um modelo treinado a partir de um banco de dados que vai até 2021 apenas. Ou seja, nada que aconteceu em 2022 ou 2023 é conhecido por esse robô até a data de publicação deste artigo.

Ele não sabe, por exemplo, que a pandemia da Covid-19 arrefeceu, após ampla vacinação. Não sabe que as eleições presidenciais no Brasil já ocorreram, e houve mudança no ocupante do cargo de chefe do Executivo. Não conhece nenhum dos indicadores de inflação ou PIB de todo esse período.

E assim por diante.

Divulgação de informações erradas, falsas ou inventadas

Já flagrei o ChatGPT dando informações erradas em pelo menos três ocasiões, isso após pouquíssimos testes.

Ele me disse, por exemplo, que a OpenAI sempre foi uma empresa com fins lucrativos, sendo que ela foi criada como uma organização sem fins lucrativos, em 2015, e assim ficou até 2019.

Ele chegou até mesmo a me pedir desculpas por uma resposta totalmente inventada que deu – mas só depois que eu insisti que ele estava dando uma informação equivocada.

Uma das características mais fundamentais que um conteúdo deve ter para ser considerado de qualidade é ter embasamento, ter acurácia, enfim, ser verídico.

Mas, da forma como ele é hoje, há um risco muito grande de o uso do ChatGPT ampliar a disseminação de informações erradas ou distorcidas, piorando o já grave problema de fake news que existe hoje no mundo todo. Por isso, essa ferramenta precisa ser utilizada com responsabilidade.

A própria OpenAI apontou esta como a primeira “limitação” do ChatGPT, naquele texto de apresentação, ao dizer:

“Às vezes, o ChatGPT escreve respostas que parecem plausíveis, mas que são incorretas ou sem sentido.”

Ausência de fontes

O ChatGPT não fornece as fontes para todas as suas respostas.

O Google, por exemplo, quando perguntado sobre qualquer assunto, responde com uma lista de links, que são, eles próprios, as fontes das respostas.

Cabe ao internauta fazer um escrutínio sobre a confiabilidade daquele site que está informando determinada resposta.

Já o ChatGPT responde com base nos milhões de dados que foram usados para treiná-lo, e não consegue especificar quais foram usados para compor uma resposta que tem toda a aura de “verdade absoluta”.

Qual é a importância do ChatGPT para o SEO?

Vamos lembrar o que é SEO, ou Search Engine Optimization. São técnicas para otimizar uma página ou conteúdo de modo que ela apareça nas melhores posições do ranking dos resultados do Google.

Se você perguntar ao Google o que é SEO, vai ver uma lista de vários sites tentando responder essa pergunta.

Aqueles que respondem da melhor forma, do ponto de vista do Google, aparecem primeiro. Consequentemente, recebem mais cliques, mais acessos. E o objetivo de todo mundo que tem uma página na web é que ela seja acessadíssima.

Pois bem, o SEO é a maneira de tentar entender o que o Google percebe como “melhor resposta”.

A inteligência artificial (IA), como a do ChatGPT, pode ajudar nesse sentido?

Segundo o próprio Google, em um guia que ele lançou no dia 8 de fevereiro de 2023, provavelmente (ainda) não.

O que importa de verdade para o Google, segundo o próprio, e que faz com que uma página apareça em destaque em seus resultados de busca, é a qualidade de um conteúdo. O guia diz que, se a IA puder ser útil para tornar um conteúdo mais qualificado, ótimo. Se não, será indiferente para ele.

Para a pergunta “Um conteúdo feito com IA vai ranquear melhor nas buscas?”, o Google é bem claro:

“O uso de IA não oferece nenhum ganho especial ao conteúdo. É apenas conteúdo. Se for útil, original [...] pode funcionar bem na pesquisa. Se não, talvez não.”

E o Google também é bem claro com relação a manipulações, ou seja, à tentativa de usar conteúdo de inteligência artificial para jogar com os resultados de buscas. Ele diz que isso é violação às suas políticas, considerado spam e passível de punições.

O Google afirma conseguir diferenciar os conteúdos feitos por IA dos produzidos por humanos:

 “Temos uma variedade de sistemas, incluindo SpamBrain, que analisam padrões e sinais para nos ajudar a identificar conteúdo de spam, independentemente de como ele é produzido.” 

Por que o ChatGPT é uma ameaça para o Google?

Uma mão seleciona o ícone da OpenAI e do ChatGPT, enquanto deixa de lado o logo do Google.

Aqui eu vou pedir licença ao meu colega Lucas Amaral, estrategista da Prosperidade Conteúdos, para indicar a leitura do seu artigo “Ferramentas de IA, como GPT-3, afetarão o marketing de conteúdo?”.

Lá ele faz o seguinte comentário:

“É de se duvidar que o Google não possua uma tecnologia tão potente. A LaMDA 2, transformer de inteligência artificial generativa da empresa, vem sendo revelada aos poucos ao público. [...] O buscador do Google pode manter o seu monopólio. Contudo, a era dos motores de busca, tal qual o conhecemos, provavelmente sofrerá grandes mudanças nos próximos anos.”

Eu concordo com esses dois pontos apontados pelo Lucas.

A tendência, ao menos a médio prazo, e principalmente depois que aquelas vulnerabilidades que já apontei tiverem sido resolvidas, é que as pessoas prefiram uma ferramenta que traz “de bandeja” todas as respostas para suas perguntas do que outra ferramenta que entrega centenas de links, dando o trabalho extra de entrar em cada um deles, ler o que oferecem, interpretar as respostas e chegar a uma conclusão.

A humanidade sempre busca o que é mais fácil, simples, intuitivo, que toma menos tempo. (Ainda que isso possa representar um risco para a nossa própria capacidade de pensar criativamente, armazenar dados no nosso cérebro, fazer ilações, ponderar contextos. Mas isso merece um artigo à parte.)

Por isso, é de se supor que uma ferramenta como o ChatGPT represente uma ameaça ao Google que conhecemos hoje, e principalmente ao seu monopólio no universo das buscas.

E podemos falar claramente em monopólio. Basta ver este ranking dos buscadores mais usados no Brasil em dezembro de 2022, segundo a SimilarWeb:

  1. Google: 96,21% do market share
  2. Bing: 2,75%
  3. Yahoo!: 0,27%
  4. DuckDuckGo: 0,06%

No entanto, a Microsoft se tornou uma das principais investidoras no ChatGPT e, ainda no início de fevereiro, anunciou o uso da ferramenta em seu novo Bing.

Ou seja, o principal concorrente do Google já está se mexendo.

Mas, poucas horas antes do anúncio do novo Bing, o Google também moveu uma peça do tabuleiro, ao anunciar o Bard, baseado no modelo LaMDA, que deve ser lançado para o público geral em breve, concorrendo diretamente com o ChatGPT.

Seja como for, o cenário está longe de ser apocalíptico para a empresa Google. Afinal, estamos falando de uma evolução tecnológica e, como um dos gigantes do setor, ela certamente está atenta e provavelmente seguirá entre os principais players desse mercado.

Quer conhecer outras ferramentas de inteligência artificial que podem ajudar na produção de conteúdo e já estão disponíveis para uso? Fizemos uma lista com as 15 principais; fique por dentro!

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