Entre o surgimento do termo blog, em 1999, e as estratégias de conteúdo que usam os blogs hoje para atrair e encantar potenciais clientes, muita coisa aconteceu.
O artigo “Blogs: um novo modo de um novo modo de escrita de si”, de Cláudia Puntel Pereira dos Santos, publicado em 2003, já dizia que o Brasil tinha cerca de 320 mil blogs naquele ano.
Ou seja, foi um canal que se espalhou como pólvora, assim que surgiram e se popularizaram as ferramentas que permitem a qualquer pessoa publicar na internet, mesmo sem conhecimentos de programação.
Hoje, segundo o site Earthweb, existem mais de 600 milhões de blogs em todo o mundo. São 7,5 milhões de posts publicados por dia, em 2023.
Apesar de serem TANTOS, os blogs seguem eficazes. Segundo pesquisa da Orbit Media Studios divulgada em 2022, 80% dos blogueiros dizem que os blogs trazem resultados.
Mas como eles podem fazer isso? Isso vai depender muito do tipo de blog. E é sobre isso que tratarei neste artigo.
Antes de começar, quero dizer que sou blogueira há exatos 20 anos. Comecei lá atrás, em 2003, com um blog pessoal de nicho e com cunho noticioso: eu escrevia posts informativos e opinativos sobre política.
Depois disso, fui trabalhar em um blog corporativo, de nicho e noticioso, que era da “Folha de S.Paulo”: voltado para estudantes de jornalismo, jornalistas e professores da área, ele trazia muita informação sobre nosso setor, além de várias dicas práticas e entrevistas com profissionais da “Folha” (o que ajudava a fortalecer a marca do jornal).
Quando entrei na empresa criada pelo meu pai, fiz um blog profissional para vender nossos serviços e tratar de assuntos relacionados a comunicação. Durou pouco.
Mais tarde, criei um blog pessoal e totalmente genérico, que tenho até hoje. Nele, escrevo sobre assuntos diversificados e não tenho nenhuma finalidade comercial. É um hobby querido.
E agora escrevo para este blog corporativo, de nicho, que você está lendo neste minuto.
Blog pessoal, profissional, corporativo, de nicho, de notícia… Deu para entender todas essas classificações? Não se preocupe, vou detalhar cada uma delas a seguir!
E está longe de ser algo novo. Em maio de 2007, uma reportagem publicada pelo “O Globo” e reproduzida no portal do “Extra” já dizia que os blogs corporativos eram fenômeno nos Estados Unidos e estavam chegando timidamente ao Brasil.
Lá se vão 16 anos…!
Apesar de ser um blog ligado a uma empresa, ele não fica oferecendo conteúdos publicitários, tentando vender o produto ou serviço da empresa toda hora.
Ainda em 2008, o consultor Fábio Cipriani explicava o grande objetivo e vantagem desse tipo de canal, em seu livro “Blog Corporativo”:
“O uso de blogs nas empresas pode aproximá-las de uma visão e um tipo de estrutura organizacional obrigatórias para aquelas que desejam se tornar bem-sucedidas hoje em dia: a organização focada no cliente. [...]
O blog se destaca por ser altamente interativo e instantâneo. Também sai na frente por proporcionar uma comunicação na voz dos clientes, sem formalidades e com o conteúdo correto para atingir as expectativas dos mesmos. Contudo o grande diferencial está na enorme sensação de intimidade com a empresa; o blog é uma gigantesca porta aberta para que o cliente, o parceiro ou o funcionário entre, sente e se sinta à vontade.”
A ideia é oferecer conteúdos de qualidade que tenham a ver com a expertise daquele negócio, mas que possam interessar a um público bem mais amplo que apenas os clientes da marca.
Por exemplo, um blog de um banco pode tratar de educação financeira, dicas de investimentos, orientações para quitar os empréstimos mais rapidamente, pode abordar o noticiário econômico em geral etc.
A ideia é prestar um serviço para o público-alvo que interessa àquela organização e que tem, é claro, potencial de se tornar cliente, ao perceber que uma marca que oferece conteúdos tão qualificados também pode ser uma autoridade naquele assunto ou segmento.
Ora, vou começar com o melhor dos exemplos: este blog que você está lendo é um blog corporativo.
Ele é o blog da Prosperidade Conteúdos, que é uma agência especializada em estratégia e gestão de hubs de conteúdo.
Mas aqui a gente não fica vendendo o peixe da agência: tratamos de diversos temas que podem interessar aos nossos leitores, como marketing de conteúdo, estratégias de SEO, inbound marketing, jornalismo, comunicação, design etc.
Outro exemplo que vale citar é o blog Amigo do Dinheiro, do banco PAN. Ao longo dos 12 meses em que a Prosperidade Conteúdos cuidou de sua estratégia, ele contribuiu para que o tráfego orgânico do banco crescesse 1.141%.
E isso oferecendo conteúdos quentes sobre o noticiário econômico mesclados a conteúdos evergreen, tirando dúvidas de interesse geral, por exemplo sobre INSS, carteira de trabalho, endividamento etc.
Este é um blog que tem um propósito de atrair leitores com a finalidade de fechar negócios, assim como o corporativo, mas, neste caso, o blogueiro está oferecendo os seus serviços diretamente, e não em nome de uma organização.
Assim como o blog pessoal, que veremos no item a seguir, este costuma ser feito por um indivíduo, mas focado em seu nicho, e com o objetivo principal de vender seu trabalho profissional.
É uma estratégia de marketing digital extremamente bem-sucedida para profissionais que trabalham de forma autônoma e também pode ser útil para as empresas do mesmo ramo que quiserem fazer parcerias com esses profissionais.
Um exemplo desse tipo de blog é o Coisa de Fotógrafa. Ele foi criado pela fotógrafa Isis Castro.
Além de ajudar a aproximar potenciais clientes do serviço que ela fornece, que é a fotografia, ela conversa diretamente com outro tipo de público: as pessoas que estão tentando se profissionalizar para atuarem, elas mesmas, nesse nicho da fotografia lifestyle.
Por isso, os posts do blog vão tratar de assuntos como “as tendências do mercado de fotografia para 2023”, “como editar fotos como um profissional”, “as melhores câmeras para iniciantes” etc.
Embora esteja oferecendo conteúdos realmente úteis para sua persona, inclusive replicados em um canal de YouTube e nas redes sociais, o objetivo final do blog não é entreter: é vender o produto, que é o curso que ela dá para quem quer ser fotógrafo.
Este é meu tipo de blog favorito, embora não necessariamente seja o melhor como estratégia de marketing digital.
Trata-se do primeiro tipo de blog que fez sucesso na internet, ainda no início dos anos 2000, quando a maioria das páginas ainda tinham aquela carinha de diário.
São, basicamente, os blogs de pessoas para pessoas. Indivíduos que gostam de escrever sobre determinados assuntos – ou de compartilhar coisas sobre a própria vida – e que aproveitam a facilidade das plataformas de postagens, como o Wordpress, para levar tudo à web, de forma cronológica e linkável.
Assim surgiram blogs que não têm um objetivo comercial, mas mais de entretenimento, mas que muitas vezes alcançam um grande público de seguidores fiéis.
Por isso, muitas vezes esses blogueiros tornam-se influenciadores e começam a ser visados por marcas que querem aproveitar o grande engajamento do blog para aparecer, seja em forma de anúncio, de publieditorial ou outro tipo de parceria.
Vou começar com um exemplo de blog que começou pessoal e acabou se tornando profissional. Na verdade, ele também é uma mescla de blog de nicho e blog de notícias.
Trata-se do Mala de Viagem, criado em 2013 por duas amigas que queriam apenas compartilhar suas aventuras viajando pelo mundo afora.
Cinco anos depois, o blog havia crescido e se tornou um blog profissional, um portal com informações e dicas sobre turismo. A renda das amigas Nanda e Gaia passou a vir 100% do canal, por meio de anúncios e parcerias.
Agora vou dar um exemplo de blog totalmente pessoal – tão pessoal, mas tão pessoal, que ele é meu blog 🙂
É o kikacastro.com.br, que não tem nenhum objetivo comercial, não é de nicho – tem posts que vão desde cinema a política, de maternidade a literatura, de culinária a divagações aleatórias – e tem esta filosofia de ser um blog escrito por uma pessoa e para uma pessoa.
Apesar de eu tratá-lo como hobby e de não ter fins lucrativos, vivo sendo procurada por anunciantes, porque muitos posts são bem ranqueados no Google, figurando nas três primeiras posições.
Pode ser um blog corporativo, profissional ou pessoal. A questão é que o blog de nicho, como o nome diz, atua em um único nicho.
Normalmente os blogs de nicho performam melhor, como estratégia de marketing, que os blogs que não buscam um nicho para focar. Isso porque eles conseguem focar melhor em uma persona e se mostrar como autoridades em um assunto – que é algo que conta muito tanto para os leitores quanto para o Google.
Os exemplos que eu trouxe dos blogs Coisa de Fotógrafa e Mala de Viagem também são de nicho – na área da fotografia e do turismo, respectivamente.
São blogs com cunho noticioso, que trazem informações factuais sobre determinado assunto, dentro de um nicho específico ou não.
Geralmente são feitos por jornalistas e, por serem blogs, com esse caráter mais pessoal, também costumam trazer análises e opiniões de seus autores, comentando as notícias.
Como estratégia de marketing, as notícias também têm grande potencial de atrair os leitores com conteúdo informativo de qualidade. Geralmente, os blogs corporativos ou profissionais também divulgam conteúdos quentes e factuais, de caráter jornalístico, sobre o segmento em que atuam (como já exemplifiquei com o blog do Banco PAN).
Mas os blogs totalmente noticiosos costumam ser jornalísticos. Geralmente ajudam a agregar valor a uma marca jornalística mesmo, como o nome de um grande profissional, dono do blog, para atrair leitores para um portal de notícias maior.
É o mesmo que ocorre com os colunistas. Por exemplo, depois que Jânio de Freitas – referência no jornalismo brasileiro – foi demitido da “Folha de S.Paulo”, em dezembro de 2022, o portal Poder360 o contratou e fez uma grande campanha publicitária para anunciar o integrante de peso que chegou ao time.
Um exemplo de blog noticioso que está no ar há bastante tempo é o Balaio do Kotscho, escrito pelo jornalista veterano Ricardo Kotscho.
Ele já esteve hospedado em vários portais de notícias, como o R7 e o iG, mas hoje está dentro do UOL.
Aqui chegamos ao formato que pode abranger todos os tipos de blogs já citados antes: o “hub de conteúdo”, ou “content hub”.
Existem várias definições para hub de conteúdo, mas minha favorita é uma que li no Hubspot, companhia pioneira do conceito de inbound marketing, que diz:
“Um hub de conteúdo é uma maneira visual de centralizar todas as toneladas de conteúdo que você produz (blogs, vídeos, redes sociais etc.) em um único local atraente.”
Simples assim!
Na prática, ele costuma ser mais robusto que um blog sozinho, justamente por agrupar todos esses tipos de conteúdos, e ao mesmo tempo tem uma arquitetura mais simples que a de um portal. Outra característica comum aos hubs de conteúdo é se ater a um tema.
Sobre isso, achei curiosa a comparação feita pelo especialista em UX Lead Eliézer Rodrigues, em um artigo de 2017:
“Imagine um hub como um parque de diversões ou um museu: reúna em um só lugar tudo o que seu público gosta e ele ficará lá por horas.”
É isso: o hub é um grande e divertido parque, que reúne todos aqueles conteúdos, em seus diversos formatos, que interessam a um determinado público.
Um exemplo é o hub de conteúdo da Nubank. Ele agrega diversos posts de blogs, separados por categorias – como “seu dinheiro” e “investimentos” –, tem conteúdos diversificados, como webstories, leva para as redes sociais do Nubank e também para as páginas de todos os serviços oferecidos pela fintech.
Agora que você sabe tudo sobre os tipos de blog mais comuns que existem, que tal aprender sobre as melhores estratégias para otimizar os conteúdos de um blog? É só clicar no link e você vai ler um belo artigo da nossa expert em SEO Isabella Brilha!