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Google Search Central Live; veja como foi 3º dia do evento no Brasil

Google Search Central Live; veja como foi 3º dia do evento no Brasil

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Tempo de leitura: 14 min

16 de Março de 2023 | 22:04

Imagine um evento todo dedicado a falar sobre pesquisa na internet, com palestrantes da maior ferramenta de buscas na web, o Google?

Ele existe, agora com o nome de Search Central Live, e passou pelo Brasil, pela primeira vez, neste mês de março de 2023 – em São Paulo (9), Brasília (14) e Belo Horizonte (16).

No encontro, os seguintes Googlers fizeram palestras para desenvolvedores, SEOs, donos de sites e jornalistas, entre outros profissionais interessados nesse universo digital:

  • John Mueller (líder da equipe de Search Relations no Google);
  • Daniel Waisberg (mediador de pesquisa no Google);
  • Berthier Ribeiro-Neto (diretor de engenharia do Google Search);
  • Andrea Fornes (diretora de parcerias de produtos de notícias para a América Latina);
  • Marco Túlio Pires (coordenador do Google News Lab no Brasil).

Antes chamado de Conferência para Webmasters, esse evento foi criado pelo Google em 2019, e passou por mais de 15 países antes de ser interrompido, em 2020, por causa da pandemia da Covid-19. Só foi retomado em novembro de 2022, em Singapura.

A Prosperidade Conteúdos, que está sempre antenada em tudo o que diz respeito ao universo do SEO e da produção de conteúdo digital, acompanhou o evento na sede da empresa na capital mineira, e conta, a seguir, alguns dos tópicos abordados.

Como funciona a busca no Google?

Foto em preto e branco mostra Android do Google e tela onde está escrito Search Central Live Belo Horizonte

Sem grandes novidades, o evento não trouxe surpresas para quem já trabalha com SEO – e, pela qualidade das perguntas feitas pelo público em Belo Horizonte, foi possível ver que a maioria tinha domínio técnico elevado.

Mas, ainda assim, as explicações sobre como funciona o processo de buscas no Google foram bem interessantes, principalmente pelo fato de terem sido dadas por porta-vozes da empresa. Ou seja, saímos do campo da experimentação, dos testes de quem trabalha com SEO, para "aulas" oficiais. 

Estas são as três etapas que formam esse processo:

  • Rastreamento
  • Indexação
  • Classificação.

No primeiro momento, é feita uma coleta dos dados e (quase) tudo o que existe na web é copiado em um repositório central, no qual os dados são analisados. 

Em seguida, os dados coletados são indexados em um enorme índice, não ilimitado, que é o instrumento fundamental onde se assenta toda a tecnologia do Google.

Na etapa da classificação, é determinado qual documento vai aparecer na página de resposta do Google, a partir de centenas de sinais, sob medida para cada momento.

Nessa etapa, é analisado, por exemplo, se a palavra buscada aparece no título ou no corpo do texto, se está em negrito, qual o tamanho da fonte usada etc.

Mais importante ainda: esse documento já foi mostrado para outros usuários, no passado, que fizeram a mesma consulta? Quando foi exibido, os usuários clicaram nesse documento ou não?

Se houve cliques no passado, há um sinal de que a resposta foi útil, interessou, atendeu às expectativas para aquela determinada busca. Se não, os usuários deram a entender que aquele conteúdo não vale a pena.

Todas essas centenas de sinais são compilados e combinados em uma fórmula para chegar ao resultado que é entregue ao usuário a cada busca.

Considerando que são inúmeros os fatores que determinam essa resposta, é por isso que uma página pode aparecer em primeiro lugar no ranking do Google em um dia e, dias depois, estar em décimo, por exemplo. Ou vice-versa. As buscas são aprimoradas a todo momento.

Existem ainda duas questões que complicam ainda mais o processo:

  • o fato de que a semântica da língua é extremamente complexa e existem inúmeras formas de expressar nossas intenções de busca com as palavras;
  • uma estatística que chama bastante a atenção e foi mostrada em dois momentos diferentes do evento: o fato de que 15% das buscas feitas por dia são INÉDITAS.

É isso mesmo que você leu: 15% de tudo o que é buscado no Google (e estamos falando de mais de 3 bilhões de buscas diárias) está sendo procurado pela primeiríssima vez.

Como o Google refina seus resultados?

Foto em preto e branco mostra diretor de engenharia do Google, Berthier Ribeiro Neto, em palestra no evento Search Central Live

Diante desses números desafiadores, como o Google faz os ajustes necessários para entregar ao internauta o que ele efetivamente quer saber ao fazer uma pergunta?

A resposta apresentada no evento foi: com muitos testes.

Só em 2021, os engenheiros do Google fizeram cerca de 800 mil testes de qualidade da busca. 

Isso inclui, por exemplo, os relatos que usuários fazem de consultas quebradas. De respostas que não têm nada a ver com o que foi perguntado.

Ao receber e analisar centenas de relatos, os engenheiros verificam se há algum problema na fórmula de classificação e identificam o que pode estar causando a distorção.

Mas, mesmo depois que um engenheiro decide que é preciso modificar uma fórmula para refinar uma resposta, ela não é alterada de imediato. Existem avaliadores internos, chamados de raters, que vão analisar se vale a pena fazer a mudança, por meio de vários experimentos. 

Eles rodam parte das respostas do Google com a mudança e parte sem, por exemplo, e observam a reação dos usuários (estão clicando mais depois da alteração? Estão tendo que reescrever a consulta? etc). Um tipo de teste A/B.

Só depois de observar essas variáveis um avaliador vai decidir fazer a modificação ou não. Não à toa, daqueles 800 mil testes feitos em um ano, só 5 mil resultaram em modificações. E essas modificações dizem respeito exclusivamente ao resultado isolado que passou pelo teste.

O fato é: o Google está constantemente fazendo avaliações e atualizações em seus motores de busca, para que eles fiquem mais refinados. Isso também explica as mudanças de posições das páginas nos resultados em determinado período de tempo.

Como o Google se adapta às mudanças de comportamento do usuário?

Aquele percentual de 15% das buscas serem inéditas também diz respeito ao fato de que o comportamento dos usuários não para de mudar.

O Google identificou que os conteúdos de natureza pessoal – como os vídeos de recomendação de influenciadores – estão se tornando cada vez mais populares e frequentes. 

Esses conteúdos são mais visuais, ou seja, com muito uso de vídeos e fotos. E refletem a mudança de comportamento dos usuários, que querem ficar clicando e navegando cada vez mais e por mais tempo. (É bom ter isso em mente ao fazer seus conteúdos, hein?)

A tecnologia precisa evoluir para oferecer uma resposta a esse tipo de tendência, ou vai acabar sendo deixada de lado. Podemos pensar que, se o público mais jovem não estiver encontrando o que busca no Google, pode migrar para um TikTok, por exemplo (e aqui sou eu falando, ok?).

A resposta do Google, nesse caso, foi passar a mostrar mais carrosséis de imagens para determinados tipos de buscas. Ou seja, oferecer respostas com conteúdos mais visuais, que permitem ao usuário ficar explorando as imagens, assim como faz em outras plataformas que vêm ganhando apelo.

Como ranquear bem no Google?Foto em preto e branco mostra John Mueller, líder da equipe de Search Relations no Google, em palestra no evento Search Central Live

Esta é a pergunta que todos querem saber, né? Quais os fatores de ranqueamento

Como foi dito logo no início do evento, são inúmeros os “sinais” que fazem com que um documento seja destacado nas respostas em detrimento de outro, no momento da classificação.

O que todos os palestrantes fizeram questão de dizer é que nenhum site recebe tratamento preferencial. Todos têm as mesmas chances de estarem visíveis (obviamente que se estiverem indexados).

Então o que faz com que um seja melhor ranqueado que outro?

Todas as informações de boas práticas para os sites são públicas e podem ser encontradas no site g.co/searchcentral

Além disso, o Google faz atualizações regularmente em suas diretrizes, inclusive para acompanhar as mudanças de comportamento dos usuários. E, segundo os palestrantes, todas essas grandes mudanças são documentadas e divulgadas de forma transparente.

Os sistemas de classificação automatizados do Google, por exemplo, estão no site goo.gle/search-ranking. Já a lista de atualizações de classificação mais recentes feitas na Pesquisa Google, que impactam a rotina dos donos de sites, está no link goo.gle/search-updates.

No blog da Central da Pesquisa Google é possível encontrar as atualizações oficiais dos algoritmos, os comunicados de mudanças e as práticas de SEO recomendadas.

As atualizações normalmente começam primeiro nos Estados Unidos, ou em países de língua inglesa, e depois chegam aos outros, o que dá a vantagem de ver o que houve de impacto na prática, e assim nos prepararmos melhor.

7 dicas para ranquear bem no Google:

  1. Antes de mais nada, não existe um segredo mágico para aparecer em primeiro lugar (sorry!).
  2. Qualidade do site é a chave. A web é grande, então seu conteúdo deve ser incrível para se destacar.
  3. A qualidade do site afeta tudo, desde o ranking até o rastreamento e a indexação.
  4. Sim, cuidar da qualidade é tarefa difícil. É bem mais fácil mudar uma questão técnica.
  5. Pense no seu site como um todo, não só nas páginas individuais. Quando um usuário chega ao seu site, o que ele encontra e o que ele pensa a respeito? A experiência do usuário é boa?
  6. As diretrizes que guiam tudo o que o Google faz, inclusive suas atualizações que impactam no ranqueamento, são aquelas quatro letrinhas: E-E-A-T, do inglês Experience, Expertise, Authoritativeness e Trust (Experiência, Especialidade, Autoridade e Confiança). Seu site deve se basear nos mesmos princípios.
  7. Estruture suas páginas com heading tags, títulos claros, contexto para links, imagens e vídeos.

Onde buscar ajuda e tirar dúvidas no Google?

  • Muita coisa está nos documentos e diretrizes do Google;
  • Existe a help community, onde muitos experts ajudam a tirar dúvidas;
  • Alguns tópicos possuem formulários de ajuda específicos;
  • E os Googlers também respondem a algumas dúvidas via redes sociais e no Office Hours.

O que mais o Google falou no evento?

Imagem do público no evento do Google Search Central Live, em Belo Horizonte, no auditório da própria empresa

Houve vários outros assuntos abordados ao longo do evento de quatro horas, mas não vou me estender sobre eles, para não tornar o artigo muito longo.

Boa parte do Search Central Live foi dedicada à parceria entre o Google e os veículos de imprensa, principalmente por meio da Google News Initiative, que ajuda os sites de notícias a entenderem melhor sua audiência – principalmente considerando que 80% do tráfego que eles recebem é gerado por apenas 20% dos usuários, que são chamados de avançados, ou leais.

Como aproveitar ao máximo esses 20%? Foram passadas 7 dicas interessantes:

  • estudando padrões de tráfego;
  • identificando tendências; 
  • detectando problemas de experiência do usuário;
  • criando segmentos de audiência;
  • identificando os usuários leais;
  • aprofundando o relacionamento com esses usuários leais;
  • e oferecendo soluções para esses usuários leais.

Outras iniciativas voltadas para o universo das notícias são o Google Destaques (que hoje já tem 153 veículos parceiros), o Assine com o Google, o PinPoint e o Local Lab.

Uma estatística interessante divulgada é que 62% dos investimentos com publicidade foram para o digital nos Estados Unidos em 2021. Ou seja, a receita de publicidade que era do impresso está migrando para o digital em todo o mundo.

Sobre inteligência artificial (IA), que é o assunto do momento por causa do ChatGPT (bancado pela rival do Google, a Microsoft), foi falado muito pouco, até porque, como bem disse um dos palestrantes, é um termo muito amplo – quase o mesmo que perguntar a um engenheiro se ele lida com algoritmo. 

A IA está em tudo, mesmo em coisas muito simples, como um teste A/B. Sobre os conteúdos gerados por inteligência artificial, só foi frisado que já existem diretrizes recentes a respeito e que o mais importante é que a IA, nesse caso, seja usada para melhorar a qualidade do seu site.

(Já escrevi sobre o que o Google diz a respeito de inteligência artificial em outro artigo e recomendo a leitura para quem quiser se aprofundar.)

Ao longo do evento, os palestrantes também tiraram dúvidas específicas do público. Por exemplo: “AMP vai morrer?” (Spoiler: Um dia, provavelmente, talvez, quem sabe). E ainda questões sobre indexação de áudios, ranqueamento de vídeos de TikTok, importância das core web vitals, uso de pop ups, scroll infinito…

Também houve uma palestra toda dedicada à mão na roda que é o Google Search Console. E outra mais focada no Google Trends, que foi usada durante os debates presidenciais nas duas últimas eleições e passou por uma reforma nos últimos dias.

Vários links foram recomendados durante as palestras, alguns com essas e outras ferramentas úteis, outros com informações para quem quiser se aprofundar nos assuntos. Listo todos eles a seguir.

Sites úteis do Google com ferramentas e mais informações:


No geral, o evento foi uma experiência interessante para todos que trabalham com internet, produção de conteúdo e SEO. Tanto os experts no assunto quanto quem ainda é iniciante. Os links divulgados são importantes para quem quiser se aprofundar e seguir por dentro das notícias do Google.

Não houve nenhum grande anúncio ou novidade, mas a forma como as ideias foram apresentadas e organizadas, saídas da boca dos grandes especialistas no assunto, que são os Googlers, ajudou a abrir a cabeça, pelo menos desta participante que vos escreve.

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