Abro este texto assumindo: tenho muitas críticas para o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) na produção de conteúdos, pelo menos no patamar em que se encontram hoje.
Minhas críticas se solidificaram depois que flagrei o ChatGPT, robozinho do momento, dando respostas erradas ou até mesmo inventadas. Mais de uma vez.
Como jornalista que sou, acho que uma das premissas mais importantes na criação de conteúdos – sejam eles reportagens, posts em um blog, artigos acadêmicos ou videozinhos no TikTok – é que devem ter lastro na realidade.
Ou seja, eles precisam ser embasados em informações confiáveis. Daí minha birra com uma ferramenta de IA que não se importa em dar respostas erradas.
Os redatores humanos também podem mentir – é justo que alguém faça essa observação.
Sim, podem. Mas não é esperado que um profissional ético e qualificado faça isso.
Além da questão da veracidade dos dados, ferramentas de IA não se comparam aos humanos que produzem conteúdos artesanais por alguns outros (bons) motivos.
Neste artigo, pretendo esclarecer os principais. Boa leitura!
Quando pensamos na palavra artesanato, o que nos vem à mente?
Eu penso em produtos feitos à mão, de forma mais meticulosa, individualizada.
Também não consigo deixar de pensar na palavra arte, que, segundo este Dicionário Etimológico, também deriva do latim ars – que, por sua vez, significa “técnica”, “habilidade natural ou adquirida”.
“Artesanal”, nas definições do Dicionário Michaelis, além de ser algo relativo a artesanato, pode ser definido como algo que é “feito pelos processos tradicionais, individuais e manuais, em oposição à produção industrial”.
Fica claro, portanto, que o que é feito de forma artesanal é:
Isso vale tanto para, digamos, um sapato de couro artesanal quanto para um conteúdo publicado em um blog na internet.
Se o conteúdo é artesanal, ele é feito com o esmero próprio dos artesãos: aquelas pessoas que ainda prezam por sua habilidade ou técnica em pesquisar e escrever sobre determinado assunto.
Contrapõe-se ao conteúdo do estilo Ctrl+C, Ctrl+V, em que as pessoas copiam textos já prontos, ou seguem formatos ou padrões pré-definidos, ou mesmo fazem tudo com uso de inteligência artificial.
Lembrando que, treinados a partir de códigos e bancos de dados pré-existentes, robôs como o ChatGPT não são artesãos. Afinal, eles são incapazes de criar algo do zero, como os humanos.
Aliás, fiz questão de perguntar isso a esta ferramenta de IA da OpenAI, que está mais falada que finalista do Big Brother.
Em uma entrevista que fiz com o ChatGPT, questionei justamente o seguinte:
“Você consegue criar conteúdos do nada, como um humano faz, ou precisa sempre de uma fonte de informação pré-existente?”
Ao que ele me respondeu:
“Eu posso criar conteúdos com base no que eu sei sobre uma determinada área e usando minha capacidade de geração de linguagem, mas não posso criar conteúdos completamente novos ou originais. Isso é algo que ainda está além do alcance da inteligência artificial atual, e é uma capacidade exclusiva dos seres humanos.”
Ou seja, como bem disse esta IA, é capacidade exclusiva dos humanos criar conteúdos novos ou originais. E só os humanos podem ser artesãos de conteúdos.
O que me leva ao próximo tópico.
Vou começar respondendo o que as ferramentas de IA podem fazer, pensando no ChatGPT como modelo.
Elas podem:
Fornecer respostas rápidas e diretas sobre diversos assuntos (ainda que muitas dessas respostas sejam erradas ou estejam desatualizadas, já que o banco de dados desse robô vai só até 2021 – texto escrito em março de 2023);
Mas elas não podem:
Criar conteúdos totalmente originais (como já vimos).
Certamente há mais coisas que elas não podem fazer, mas vou focar nestas cinco, que me parecem importantes pilares da criação de um conteúdo – e quem trabalha com conteúdo, seja no jornalismo, nas universidades, nas indústrias literária e cinematográfica, na publicidade ou no marketing, sabe bem disso:
Um redator humano, ao produzir um conteúdo artesanal de qualidade, é capaz de trabalhar com cada um desses pilares.
Pode fazer textos originais, criativos, que gerem emoção e que sejam baseados em pesquisas bem fundamentadas, inclusive com a possibilidade de informar as fontes das informações, dados, estatísticas ou demais referências citadas.
E nada disso as ferramentas de IA como o ChatGPT podem fazer – ao menos não por enquanto.
Pode ser que em médio prazo estejam perfeitamente aptas para fazer tudo isso, e surja um novo “Cem Anos de Solidão” ou um roteiro como o de “Forrest Gump” totalmente criados por algoritmos.
Mas, por enquanto, o que temos são os artesãos com cérebros para gerar algum diferencial no turbilhão de conteúdos produzidos diariamente no mundo.
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