Quando existe emoção, existe conexão.
Um texto, um vídeo, uma arte que contenham emoção são capazes de gerar um engajamento muito maior do que uma peça fria, burocrática.
E, quando falo em emoção, é de todo tipo: aquela lagriminha escorrendo na hora de um comercial de TV de fim de ano, a gargalhada com uma frase bem colocada no fim de uma história, um choque ou revolta provocados por imagens fortes, que pretendem gerar um apelo importante.
O storytelling é um jeito de contar histórias com emoção. E, se bem feito, atrai a atenção do público-alvo de uma maneira muito mais eficaz. Não à toa, sempre foi tão usado no marketing.
Neste artigo, vamos trazer sete cases de sucesso e inspiradores que se basearam no storytelling para encantar os potenciais clientes. Em alguns casos, há mais de uma campanha, então, ao todo, são dez exemplos práticos que demonstram essa eficiência.
Prepare-se para se inspirar!
Do inglês contar (“tell”) histórias (“story”), storytelling é nada mais nada menos que criar uma história para seu público, seja por meio de texto, de vídeo ou com uma música, por exemplo.
Quando usada no marketing, a intenção dessa técnica é capturar a atenção do interlocutor, atraí-lo para dentro de uma história instigante, didática, emocionante ou engraçada, por exemplo, para, com isso, ajudar a vender um produto.
Como pode ajudar a vender? Criando uma conexão e até um vínculo emocional com o público-alvo, ao desenvolver uma narrativa em torno daquele produto ou marca, que pode responder aos interesses ou anseios desse grupo.
O storytelling é muito usado, por exemplo, nos anúncios que abrem vídeos no YouTube. Afinal, o canal dá apenas alguns segundos antes que o internauta possa pular a propaganda.
Ou seja, se a marca conseguir fisgar a atenção logo no começo, aumentam as chances de o anúncio ser visto até o fim. E muitos usam boas histórias para tentar fazer isso.
Mas o storytelling não é uma técnica nova: pelo contrário, existe desde que o marketing ainda estava em seus primórdios.
Você pode encontrar exemplos de storytelling em comerciais de TV, sites, nas redes sociais ou em anúncios impressos, por exemplo.
A seguir, vou listar sete cases inspiradores de storytelling, mas alguns deles têm mais de uma campanha, então temos um total de dez exemplos práticos.
Vocês verão que a maioria ficou marcada na memória, o que comprova como o storytelling é uma estratégia eficaz para gerar conexão entre uma marca e seu público.
Semanas antes do Dia das Mães de 2022, a marca de cosméticos O Boticário lançou a campanha #MaternidadeSemJulgamentos, com o seguinte mote, que tem grande apelo entre as mulheres: “Vamos parar os julgamentos e espalhar mais amor e acolhimento a todas as mães do Brasil”.
O vídeo da campanha, exibido na TV, mas também nas redes sociais – onde teve imensa repercussão e foi compartilhado por inúmeras mães –, contava uma historinha:
Só no YouTube, o vídeo teve mais de 9 milhões de visualizações em seis meses.
Foi criticado também por algumas mães, mas a marca conseguiu um alcance enorme e se destacou num momento de muita concorrência para as campanhas com storytelling, que é o Dia das Mães.
Em 2015, a Huggies fez uma campanha que resultou num aumento de 30% na venda de fraldas.
Ela usou o próprio nome para criar uma storytelling poderosa: mostrar que os abraços podem ajudar no desenvolvimento dos bebês. Lembrando que “hug” é “abraço” em inglês.
No vídeo da campanha no YouTube, com mais de 2 minutos de duração, um verdadeiro roteiro de filme, com imagens bonitas, histórias e muitas emoções.
Na página, a explicação da marca:
“Mais e mais hospitais canadenses estão adotando o poder dos abraços para recém-nascidos. Mas às vezes, a mãe não pode estar lá para dar os abraços que seu bebê precisa.
Saiba como as fraldas Huggies® estão ajudando, levando programas de abraços para mais hospitais, por meio do No Baby Unhugged.”
A campanha No Baby Unhugged (“nenhum bebê sem abraço”) ainda se completou com um site e um apelo extra: o envio de fraldas grátis para os recém-nascidos.
Dermodex é uma marca para prevenir assaduras em bebês. Ou seja, seu público-alvo principal são mães e pais de bebês que ainda usam fraldas, principalmente.
Então por que criar uma história sobre adoção de crianças com mais de 7 anos?
Foi o que fizeram com a campanha, também muito bem repercutida nas redes sociais, O Álbum Nunca Fotografado, que saiu em 2018.
Já na apresentação do vídeo somos introduzidos ao fato de que se trata de um storytelling: “Você vai ver histórias de pessoas que já eram uma família, só faltava se conhecerem.”
Ele mostra famílias que adotaram crianças mais velhas, geralmente preteridas no Cadastro Nacional de Adoção, vendo um álbum ilustrado mostrando as fases anteriores da vida das crianças, como se estivessem com aquela família desde bebês.
O vídeo é extremamente emotivo, bonito, cria um vínculo muito forte entre o público-alvo da marca, reforça o apelo pelo amor familiar e ainda tem um pouco de marketing social, ao estimular a adoção dessas crianças mais velhas.
Nem todas as histórias do marketing com storytelling vão gerar emoções doces e felizes, como as mostradas nos exemplos anteriores.
Nem sempre vai se tratar de filhas agradecendo a mães, bebês fofinhos sendo abraçados ou álbuns de família.
Às vezes uma história vai causar choque intencional, ou indignação, para reforçar uma estratégia de marketing, seja de um produto, serviço ou de uma instituição que prega determinados valores.
É o caso, por exemplo, das campanhas que mostram crianças passando fome na África, que apresenta inclusive algumas por seus nomes, para tentar arrecadar doações para ONGs como ChildFund Brasil, Médicos Sem Fronteiras ou Cruz Vermelha.
Outro exemplo é a campanha Por Trás do Couro, lançada em 2016 pela PETA, uma ONG mundial que se dedica aos direitos dos animais.
Um vídeo mostra clientes entrando em uma loja de luxo, cheia de sapatos, jaquetas e bolsas de couro. A história é contada não só com imagens, mas também com legendas ajudando a construir a narrativa.
A música de fundo e o posicionamento das câmeras, como se fossem de flagrante, compõem um certo suspense.
Por fim, vemos os rostos horrorizados dos clientes vendo as tripas dos animais dentro dos produtos.
Desde o lançamento, só no YouTube (fora outras redes sociais), o vídeo já teve mais de 4,5 milhões de visualizações.
Na verdade, a campanha do Garoto da Bombril, criada por Washington Olivetto e Francesc Petit, e interpretada por Carlos Moreno, é um case de sucesso da publicidade no Brasil e ponto.
Afinal, poucas são as pessoas que viveram nos anos 80 e 90 que não se lembram desses comerciais.
Mas não deixa de ser também um case inspirador de storytelling.
Estamos falando de um personagem que foi criado em cima de um slogan, que é o das 1001 utilidades.
Cada comercial exibido na TV, cada contracapa de revista, funcionava como um capítulo de uma grande história que, ao final, tentava provar a versatilidade da esponja de aço.
E essa história gerou grande conexão com o público, principalmente movida pelo humor, pelo riso.
Carlos Moreno, o Garoto da Bombril, era, ele também, versátil. Em cada episódio desta narrativa ele era uma pessoa totalmente diferente: um presidente, um jogador de futebol, um super-herói, um guerrilheiro etc.
E a campanha cumpriu sua missão: gerou curiosidade sobre qual seria o próximo personagem da vez, sobre qual seria a próxima utilidade da vez também, e tornou a Bombril uma das marcas mais famosas do país.
Duas impalas conversando, e uma delas resolve tomar um Red Bull ao ver um leão se aproximando.
Um grupo de papagaios que vivia repetindo as mesmas coisas toma Red Bull e cada ave ganha sua individualidade, pensando uma coisa única.
Um sujeito atira um graveto e grita para seu cachorro buscá-lo, mas o animal, em vez disso, toma Red Bull e manda outro cãozinho que estava por perto ir lá buscar para ele.
Pequenas historietas assim, algumas com não mais do que 15 segundos de duração, sempre terminando com o slogan “Red Bull te dá asas!”, formam outra que é uma das campanhas mais bem-sucedidas do mercado publicitário.
O storytelling aqui é usado para criar situações com finais inusitados, associando o energético a um público criativo, esperto, até “malandro”, às vezes, ao lidar com situações corriqueiras.
O roteiro é curto, bem-humorado, todo em animação, e brinca com o conceito de “dar asas”, que pode ser útil em várias situações.
A conexão gerada faz com que o energético pareça uma espécie de bebida milagrosa, um elixir mágico. E funcionou: só em 2021, a marca, lançada em 1987, vendeu 9.804 bilhões de latas em todo o mundo, 24% a mais que no ano anterior.
Claro que não só por causa de uma única estratégia de marketing: a marca investe pesado em várias táticas, inclusive patrocínios de eventos esportivos. Mas essas historinhas são conhecidas por todos e até o jeito cantado de falar o slogan no fim das peças ficou marcado na memória de todo mundo.
O banco Itaú gosta de usar o storytelling em suas campanhas, e muitas delas ganham grande repercussão por isso.
Vou citar três exemplos.
Em agosto de 2022, um comercial com apenas 1 minuto de duração conta a seguinte história: uma jovem está no metrô, com fones de ouvido, e começa a cantarolar “Sweet Child O’Mine”, hit dos Guns n’Roses. As outras pessoas do metrô percebem, começam a sorrir, algumas começam a cantar também e, no fim, o metrô inteiro está empolgado, entoando o clássico do rock junto. A historinha foi pra falar que o banco estava patrocinando o Rock in Rio, que aconteceu em setembro. Detalhe: em 2 meses, o vídeo no YouTube já teve 270 mil visualizações.
Outro comercial que fez sucesso foi o de 2021, com Fernanda Montenegro e a bebê Alice, que fala palavras dificílimas para sua idade. A pequena começa a falar palavras como “esperança”, “respeito” e “humanidade”, enquanto a atriz vai repetindo, encantada. O comercial ganhou prêmio de melhor do ano e viralizou nas redes sociais, indo parar até nos trending topics do Twitter na época.
Em 2019, outra historinha mostrou um robô explicando como, apesar de ele ter grande inteligência artificial, as coisas humanas são insuperáveis. É um vídeo emotivo, mais uma vez, que gera conexão com o público, que descreve coisas bem humanas, como o amor, a explosão de risadas, a solidariedade. E se encerra com a frase-desejo: “Por um futuro cada vez mais humano”, que combina com a época em que o vídeo foi lançado, em fim de ano.
Que tal agora você contar uma boa história para encantar seu público? Entre em contato conosco para conversar com nossos especialistas em marketing de conteúdo!