Você diria que 45 milhões de pessoas é um número baixo, tendo em vista que a população do Brasil é de 214 milhões? Possivelmente, não. Pois esse é o total de indivíduos no país (21%) com alguma deficiência, segundo dados do IBGE, de 2019.
Independentemente do tamanho, essa parcela de pessoas jamais pode ser desconsiderada. Isso vale, inclusive, para a forma como nos comunicamos no ambiente online.
A disponibilização de conteúdo acessível é um tema tão fundamental que está presente na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que tem como objetivo assegurar e promover a inclusão social e a cidadania desse grupo.
A lei destaca a necessidade de acabar com qualquer “entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação”.
Ao longo deste artigo, vamos abordar quais são as ações que podem ser tomadas para garantir que essas pessoas com deficiência tenham acesso a conteúdos online, com a mesma qualidade que o restante do público tem.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência declara que é considerada assim aquela que tem algum tipo de impedimento de longo prazo, seja de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que atrapalhe sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Conteúdo acessível é aquele que pode ser utilizado e compreendido por todas as pessoas, independentemente se elas possuem algum tipo de deficiência ou limitação.
Quando falamos do ambiente online, há um termo que precisa ser abordado: a acessibilidade digital.
Colocar a acessibilidade digital em prática significa eliminar barreiras para a navegação na internet, ou seja, fazer com que sites e redes sociais sejam projetados de forma que possam ser acessados e entendidos por todas as pessoas.
O Web Content Accessibility Guidelines, ou Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web, é um conjunto de recomendações para criar conteúdos acessíveis em todo o mundo.
Essas diretrizes seguem quatro princípios. Tudo o que for publicado na internet deve ser: perceptível, operável, compreensível e robusto. Vamos explicar cada um deles:
Os conteúdos e os componentes da interface de um site devem ser apresentados em mais de uma forma, para que possam ser percebidos pelo usuário.
Suas diretrizes incluem: alternativas textuais (como impressão com tamanho de fontes maiores, braile, fala, símbolos ou linguagem mais simples), legenda, descrição de imagem, língua de sinais, mídia alternativa e audiodescrição, layout simplificado e código de HTML que consiga compreender leitores de tela.
O site precisa ser programado de forma que seja possível que qualquer usuário consiga realizar operações, sem nenhum tipo de barreira de acesso.
Para isso, há algumas diretrizes a serem seguidas:
Neste princípio, o foco principal é o conteúdo. Todo o texto deve ser legível e compreensível.
Escolha adequada de fontes, evitar expressões específicas (que são aquelas utilizadas por um grupo, como acontece em determinadas áreas profissionais) e escreva sentenças de forma clara e objetiva.
O último princípio está relacionado à codificação do website. Quando se diz que o HTML deve ser robusto, isso quer dizer que ele deve ser bem estruturado a ponto de ser capaz de rodar as tecnologias assistivas, além de ser navegável pelo teclado.
Baseado nesses princípios e diretrizes do WCAG, selecionamos algumas ações fáceis de serem implementadas no conteúdo e que fazem com que ele se torne acessível. São elas:
O alt tag ou alt text nada mais é do que a descrição das imagens presentes em uma página. Ele é importante tanto para que ferramentas consigam fazer a audiodescrição para deficientes visuais, quanto para o caso da imagem não ser carregada devido a um mau funcionamento.
Essa descrição deve ser clara e objetiva. A ideia é passar o que está acontecendo naquela imagem; não precisa conter todos os detalhes de pessoas e objetos inseridos ali.
A legenda de fotos, assim como o alt text, é um recurso essencial para explicar o que acontece em determinada imagem. Para que ela seja acessível, no entanto, é preciso evitar o uso de abreviações e símbolos que atrapalhem a compreensão das ferramentas de leitura.
Pessoas de diferentes níveis de escolaridade podem acessar o seu conteúdo. Uma leitura simples e objetiva torna a mensagem mais compreensível para todos os tipos de públicos, inclusive para aqueles que têm uma maior dificuldade de interpretação de texto.
Essa é uma maneira de atender às necessidades desses diferentes públicos. Além das descrições de imagens, que já citamos, vale investir, ainda, em vídeos com legendas e textos com áudios. Sempre que possível, combine mais de uma opção para tornar o conteúdo ainda mais acessível.
Você sabia que pessoas com deficiência intelectual costumam ter dificuldade de leitura por meio dos blocos de texto justificados? Por isso, deixar o texto alinhado à esquerda garante uma melhor legibilidade do conteúdo.
Segundo as Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG), a taxa de contraste deve ser, no mínimo, de 4.5:1 para texto normal. É muito importante escolher cores que sejam visíveis para diferentes pessoas, considerando, por exemplo, aqueles com daltonismo (distúrbio da visão que interfere na percepção de cores, especialmente vermelho e verde).
A dica fundamental é investir em contrastes e elementos diversos para passar a informação (diferentes formas, cores e ícones).
Gostou deste artigo? Para ter acesso a mais conteúdos como este, não deixe de assinar a nossa newsletter quinzenal!